Jubileu Sul Brasil celebra 25 anos

  • Última modificação do post:dezembro 4, 2024
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Comemoração reúne organizações membro e parceiros nesta sexta, a partir da 19h, no Tuia Café Cultural, no Rio de Janeiro

A Rede Jubileu Sul Brasil (JSB) comemorou seus 25 anos com celebração no Rio de Janeiro neste 15 de novembro (sexta-feira), reunindo entidades membros, parceiros e apoiadores no Tuia Café Cultural, no centro da capital fluminense.

A comemoração ocorreu em meio a uma ampla agenda de atividades e mobilizações no Rio de Janeiro, com participação da delegação do JSB e da Rede Jubileu Sul/Américas (JS/A), sobretudo no âmbido da “Cúpula dos Povos frente ao G20”, uma iniciativa autônoma e independente promovida por um coletivo internacional de entidades como contraponto à agenda da Cúpula do G20, o grupo das 20 entre as maiores economias globais.

Durante a festa, foi lançada um revista com uma coletânea de artigos que abordam não só história, mas também as bandeiras de luta da Rede JSB conectadas às lutas da atualidade. Também foi lançado este site reunindo o acervo histórico do período, com publicações, documentos, imagens e vídeos. A celebração teve ainda discotecagem com Ada Ponte, que é DJ e articuladora do JSB em Fortaleza (CE).

25 anos na luta por direitos e reparações

O Jubileu Sul Brasil surgiu em 1999, resultado dos debates e dos movimentos de resistência à dívida externa que cresceram durante a década de 1980. A articulação da Rede começou em 1998, no ensejo das campanhas do Jubileu 2000, a partir da discussão lançada pelo Papa João Paulo II pelo perdão da dívida de países pobres altamente endividados, e da 3ª Semana Social Brasileira que teve como mote as dívidas sociais.

Hoje a Rede JSB tem 27 organizações membro, e há 25 anos tem como pauta central a luta contra o sistema de endividamento, mecanismo de reprodução do capitalismo no qual o Estado transfere dinheiro público para pagar dívidas, contraídas em empréstimos de bancos privados e instituições financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Essa transferência também ocorre com a negociação de títulos da dívida pública, por meio da qual um investidor empresta dinheiro ao governo e se torna credor. Em contrapartida, o governo paga o título com uma remuneração variável, de acordo com o prazo de resgate da aplicação, com rentabilidade que pode ser fixa, indexada pela taxa Selic ou pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Na prática, o governo federal retira recursos de políticas públicas, como saúde e educação, para atender aos “ajustes” exigidos pelos credores da dívida e para garantir a remuneração e rentabilidade dos investidores. 

Em 2023, dos R$ 4,36 trilhões do Orçamento Federal executivo, R$ 1,89 trilhão foram para pagamento de juros e amortizações da dívida pública, o que representa 43,23% do orçamento total, de acordo com dados da Auditoria Cidadã da Dívida. O percentual é mais que o dobro dos 20,93% destinados ao conjunto da Previdência Social e quase 12 vezes mais que os 3,69% do orçamento destinados à saúde no ano passado.

Os juros e condições perpetuam os pagamentos da dívida pública, mantendo os países num ciclo de novos empréstimos para pagar dívidas anteriores infindáveis, o que aprofunda desigualdades e interfere na soberania, sobretudo nos países do Sul global. Por isso, a Rede JSB também atua reivindicando reparação às dívidas financeira, social, socioecológica, de gênero, racial e histórica devida aos povos e territórios.

Ao longo dessa trajetória, diferentes bandeiras surgiram e a Rede se somou aos embates, sempre construindo resistências e alternativas ao modelo de dominação capitalista, patriarcal, sexista, racista, classista e extrativista.

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